sábado, 12 de maio de 2007

Os intelectuais cariocas, o modernismo e o nacionalismo: O caso de Festa

Os intelectuais cariocas, o modernismo e o nacionalismo: O caso de Festa 1
Angela de Castro Gomes

Abstract
This article examines the activities of Brazilian intellectuals in the first decades of the twentieth century, in which their importance for the proposal and implementation of the projects of modern Brazil stands out. The article's purpose is to try to understand the space and climate in which those intellectuals moved during a period that witnessed great transformations in the country. It further attempts to capture the socio-political and cultural ambience of Rio de Janeiro in order to then map out a dynamic for the articulation of groups of intellectuals, paying special attention to the case of the journal Festa. The approach here emphasizes the examination of newspapers and correspondence, among other types of association, conceiving of them as sites of sociability, where intellectuals organized themselves in order to construct and distribute their proposals.


Fragmentos:

(...)

o modernismo pode ser visto como um movimento de idéias que circula pelos principais núcleos urbanos do país, antes mesmo dos anos 1920, assumindo características cada vez mais diferenciadas com o passar da década de 1930. Mas, como nos adverte Jacques Juliard, as idéias não circulam elas mesmas pelas ruas; elas estão sendo portadas por homens que fazem parte de grupos sociais organizados.

(...)


O Rio encontrava-se no centro dessa polêmica, não só por ser a capital federal e o polo de atração de toda a intelectualidade do país, quanto por encarnar os estigmas do “passado e atraso” a serem por todos vencidos. [2]
Como capital, a cidade [do Rio de Janeiro] cumpria a missão de representar e civilizar o país, o que sem dúvida deve ser considerado um fator que impunha à sua intelectualidade uma participação ativa em todas as polêmicas culturais que alcançassem repercussão nacional. Essa espécie de constrangimento que o campo político mais amplo trazia ao pequeno mundo intelectual carioca, foi aqui entendida como uma vantagem. Ou seja, como um estímulo à conformação de projetos culturais que teriam interlocução ampla e seriam numerosos, variados e competitivos entre si. Era essa condição que inegavelmente facilitava e potencializava as possibilidades de comunicação da cidade e de nacionalização de seus estilos e valores.
(...)

É fundamental portanto destacar que, em particular nos anos 1920, o
campo artístico-cultural é, tanto quanto o campo político formal (o dos par-
tidos e outras instituições políticas), um terreno privilegiado para a constru-
ção de projetos de intervenção social, sendo os intelectuais vistos e se repre-
sentando como atores pioneiros e privilegiados na condução do futuro do
país.4 Esse lugar tão especial atribuído à cultura e ao intelectual está vincu-
lado à crença, muito compartilhada na época, na força transformadora da
educação. Assim, se os projetos eram muitos e muito diversificados, todos
concordavam quanto ao potencial das atividades “pedagógicas,” fossem elas
implementadas por médicos, engenheiros, professores, literatos, artistas
plásticos etc.

(...)

http://muse.jhu.edu/demo/luso-brazilian_review/v041/41.1gomes.html

http://muse.jhu.edu/demo/luso-brazilian_review/v041/41.1gomes.pdf

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