segunda-feira, 30 de abril de 2007

Exposição em São Paulo reúne raridades da fotografia modernista do país


UOL News Cultura
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24/04/2007 - 19h11
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Da Redação

A luz bem marcada ressalta os contrastes nas composições fotográficas abstratas; um flerte com as formas e linhas que desvendam nuances da cidade, um olhar diferente sobre o concreto urbano. A exposição "Fragmentos: Modernismo na Fotografia Brasileira" reúne 80 imagens - todas em branco e preto - de 24 fotógrafos brasileiros, durante as décadas de 40 a 70. Thomaz Farkas recria formas, como na imagem das telhas; elas estão lá, mas por um momento não as percebemos. Em outra foto, German Lorca homenageia o pintor modernista Piet Mondrian. Eduardo Salvatore busca o belo em linhas abstratas. E o fotógrafo - ainda inédito para o público - Paulo Pires, desnuda um dos símbolos da arquitetura de São Paulo, o edifício Copam, durante a sua construção.O modernismo na fotografia chegou ao Brasil na década de 40, junto com a modernização da arquitetura, da cidade. E assim como na Europa e nos Estados Unidos, os fotógrafos brasileiros sentiram vontade de romper com o pictorialismo, uma tendência da fotografia de buscar a imitação da pintura.Alguns fotógrafos desta exposição foram pioneiros na fundação do Foto cine clube Bandeirantes, o mais importante celeiro da fotografia moderna no Brasil. Junto com outros fotoclubes espalhados pelo país, eles formaram uma rede de relacionamento e troca de informações, abrindo espaço para construir imagens livres dos padrões rigorosos do realismo ao qual a fotografia havia se submetido desde o início. "Eles trocavam cartas, fotos, participavam de salões, pontuavam suas fotos, numa relação mundial, numa grande rede de conexões. Então muito antes da internet e do photoshop eles já constituíam uma rede e nos laboratórios geravam uma alquimia , espécie de precursora do photoshop e da manipulação digital de hoje", contou o fotógrafo e curador da exposição, Iatã Cannabrava. Experimentalismo dentro dos laboratórios, como nas figuras sobrepostas sobre papel fotográfico, e na geometria dos objetos; a fotografia encontrou na estética moderna e atemporal uma linguagem própria; pequenas poesias visuais que podemos chamar de arte.Segundo Cannabrava, foi uma época em que "o artista trazia a tecnologia a reboque. Era um movimento onde a criatividade sem fim, fenomenal, puxava a reboque todas as tecnologias possíveis na época, a serviço de um abstracionismo tão rico e tão poético."E para um dos visitantes da exposição Cláudio Santana, o modernismo na fotografia foi um movimento natural. "Eu não acho que eles ficavam olhando para um poste e estudando, acho que era uma coisa que eles olhavam e viam. Estava lá, eles enxergavam, mas a maioria das pessoas não via como eles", disse.



A exposição fica em cartaz até 26 de maio, na Galeria Bergamin - rua Rio Preto, 63.
A entrada é franca.
Mais informações: www.galeriabergamin.com.br.